falas

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Às vezes pergunto-me quando respiras, se respiras.

De onde vem tanta palavra, tando som, tanta verborreia. De onde vem essa necessidade de evacuar tantas palavras.

Foi um alarme de evacuação? Foi um despejo compulsivo? Ou um desejo reprimido?

Onde acumulaste tanta palavra? Onde estavam escondidas?

Não posso deixar de sentir que regorgitas.
Perdi a capacidade de sintonizar as palavras. 
Primeiro tornou-se numa verborreia, depois uma enxurrada, depois um zumbido.

Não importa. Mesmo que ouvisse. Mesmo que entendesse. Mesmo que tivesse uma opinião. Mesmo que quisesse expressa-la. Mesmo que conseguisse verbaliza-la. Querias ouvir?

Porque não te calas?
Porque não páras?

Diz-me. Ou, melhor, não digas nada.

Convido-te a saborar o silencio. 

Não tenhas medo.
O silêncio não é vácuo.
O silêncio não te suga a alma.
O silêncio abre espaço.
O silêncio é o ar puro da montanha. A água fresca e limpida da fonte.
Respira, refresca-te e resuscita.

Não digas nada.
Não penses.
Fecha os olhos.
Concentra-te em ouvir o silêncio.

sshhhhh.


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