coelho não, cordeiro

Imaginem que alguém, há 15 anos, previu o que iam fazer numa noite fria de dezembro em Lisboa. Aconteceu ontem.

Não foi bem assim.

Não sabia que era dezembro, nem Lisboa, nem 2025.

Mas sabia o que iam fazer. Porque assim o determinou.

Se alguém na rua te parar e te pedir para imitares uma avestruz, tu fazes? Em que condições?

Fizeste uma vez. Foi ridículo.

Voltarias a fazer?

Foi exatamente isso que aconteceu ontem à noite.

E ele previu.

Porque obedecemos a um estranho que não conhecemos e a quem não reconhecemos autoridade?

Não somos coelhos.

Somos cordeiros.


Foi assim a peça de Nassim Soleimanpour, “Coelho Branco, Coelho Vermelho”.

Um ator lê um texto e segue instruções.

O público é envolvido. E segue, por sua vez, instruções.

No final, ao ouvir a palavra “Fim”, saímos da sala de forma ordenada e obediente.

Sem aclamações. Porque isso não constava das instruções.

Ontem, fomos cordeiros.


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